Rock Pesado, é assim que os membros da banda Draco gostam de definir o som que fazem. O power trio formado por Leo Jamess Escobar (vocais e guitarra), Beto Pompeo (baixo) e Arthur Schavinski (bateria), já é um dos mais tradicionais grupos no cenário gaúcho. Com shows que esbanjam energia, talento e distorção, têm angariado cada vez mais fãs por onde passam.
Enquanto trabalha no próximo lançamento da banda, Leo Jamess nos concedeu a entrevista que pode ser conferida abaixo:
Insanity Records: São dezesseis anos de estrada, um EP promocional, dois álbuns lançados e um novo trabalho a caminho, o que você pode destacar como ponto alto e ponto baixo da carreira da Draco?
Leo Jamess: Altos e baixos são coisas normais, ainda mais porque não vivemos disso, a vida nos impôs outras prioridades ao longo do caminho e tivemos que deixar a banda de lado para seguir em frente logo em seguida, mas nunca paramos e considero isso um ponto alto. Porém obviamente já tivemos “dias de glória”, entre 2009 a 2013, quando o álbum “Contramão” tocava direto na finada Rádio Ipanema, mesma época que em abrimos o show da Rosa Tattooada e os shows da Black Label Society, em Porto Alegre. Também fizemos muitos shows em eventos de motociclismo e participamos de feiras de música em São Paulo. Costumo dizer que vi muitas bandas nascerem como “a revelação do Rock” e morrerem seis meses depois, e nós continuamos firmes.
Insanity Records: O que mudou na forma de compor e se apresentar da Draco do “Contramão” para a Draco do “Visceral”?
Leo Jamess: Com relação ao processo de composição não mudou nada, eu mostro os riffs para a galera no ensaio e trabalhamos as ideias que eles julgam serem as melhores, sempre foi assim. Já ao vivo eu pude aumentar mais a guitarra (yeah!) e o baixo ganhou mais espaço, o básico de um power trio. Inclusive a banda nasceu nesse formato, então eu já estava acostumado.
Insanity Records: A banda já mantém a formação de power trio há alguns anos, como você, encara a função de ser a única guitarra, solar e cantar?
Leo Jamess: Pra mim é natural, apesar de eu não gostar da minha voz e sempre ter achado que precisávamos de um vocalista, mas sempre fui voto vencido. E o lance de tocar guitarra base e solo é de certa forma algo natural também, considero a minha habilidade de criar riffs superior à de criar solos, mas estou sempre buscando evoluir nesse quesito. Uma vez li uma entrevista do Andreas Kisser, em que ele dizia que não existe essa de base ou solo, é tudo guitarra. Ou seja, tu tens que tocar bem todas as partes que tu te propuseres a tocar.
Insanity Records: A banda se encontra em estúdio gravando um novo trabalho, o que você pode nos falar? Trata-se de um novo álbum, EP ou single?
Leo Jamess: Estamos gravando três músicas e ainda estamos avaliando como lançaremos.
Insanity Records: Tem previsão de lançamento?
Leo Jamess: Agosto ou setembro, depende do formato de lançamento.
Insanity Records: Mais uma vez vocês estão gravando no Hill Valley Studio, bem conhecido do cenário Punk Rock Gaúcho, como se deu a escolha por essa casa para uma banda mais pesada, como a Draco, gravar e produzir?
Leo Jamess: Conheço o Davi “Pacote” há uns 20 anos, o vi tocar diversas vezes, entre meus amigos a gente o chamava de “Joey Ramone que toca guitarra”, por isso acompanhei a evolução dele como engenheiro de áudio, e ouvindo alguns trabalhos, um deles o single “A Barbada” do Cartel da Cevada, achei que ele era o cara pra gravar o “Visceral”, justamente porque queríamos um som direto e barulhento como o Punk Rock, e por ele já ter essa referência de som pesado, a escolha foi certeira. Talvez se gravássemos em um estúdio “do metal”, não soasse como a gente queria. E voltamos a gravar com ele porque nos acertamos muito na maneira de trabalhar, ele saca muito de timbres e produção musical, então rola uma troca muito boa, chegamos com tudo produzido, mas sempre rola aquela “mágica” de estúdio e ele sempre dá uns toques que fecham com as nossas ideias.
Insanity Records: Outro parceiro da banda são os pedais da Fuhrmann, pode nos contar quando surgiu essa parceria e o quanto isso influência no som da banda?
Leo Jamess: A parceria surgiu quando visitei a feira Expomusic 2009, agora extinta, e conheci os proprietários da empresa, ainda pequena na época. Rolou aquele olho no olho, eles sacaram que a proposta da banda é muito verdadeira e decidiram apoiar. E de 2010 pra cá temos usado ao vivo e no estúdio os pedais e fontes.
O que influência é que conseguimos “a sonoridade Draco” em qualquer lugar, não importa o amplificador que estiver disponível, sempre temos nos nossos pés os nossos timbres, e isso faz uma baita diferença, tanto no conforto ao tocar, quanto a questão de logística, a Draco pode viajar com custo reduzido e usar o backline da casa ou evento sem medo de ter um som ruim.
Insanity Records: Os integrantes da Draco também participam de bandas covers ou tributo e viajam para tocar em diversos locais do país. Como vocês enxergam o cenário independente atual?
Leo Jamess: Pois é, eu toco com a Parasite (Kiss), a Blackout (Scorpions) e o Arthur me acompanha na Desire (Ozzy/Sabbath), Domination (Pantera), e estou armando um tributo Aerosmith no qual ele também vai tocar. Ele também toca na Marenna, de Caxias do Sul.
O cenário independente para banda autoral está como sempre foi, difícil e precário. É bem complicado manter uma banda na estrada com a desvalorização da arte ao ponto que chegamos. E também a crise econômica influência bastante, pois o público sai menos e acaba deixando de ver bandas que não conhece para ver os tributos. E a maneira que encontrei para divulgar e fazer a Draco rodar mais, é justamente tocando com os tributos.
Insanity Records: Após o lançamento do novo trabalho, quais são os planos do grupo?
Leo Jamess: A ideia é lançar vídeos dos três sons novos e a tour de divulgação já está sendo agendada. Estamos com viagem marcada par São Paulo em setembro, onde faremos shows em bares e na feira Music Show. Também estamos alinhando algumas entrevistas com programas de rádio e sites.
Insanity Records: Deixamos esse espaço para vocês mandarem um recado direto ao público.
Leo Jamess: Só tenho a agradecer a todos que nos acompanham nesses dezesseis anos e também reforçar o convite para nos seguirem nas redes sociais, sem o incentivo de vocês nada teria a mesma graça!
MUITO OBRIGADO, VOCÊS SÃO FODA!
Imagens:
Everson Krentz
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