No último sábado (02), o eterno vocalista da banda Bidê ou Balde, Carlinhos Carneiro, realizou um show repleto de convidados, para comemorar os 25 anos da banda, que no momento encontra-se em hiato. O evento aconteceu no lendário Bar Opinião e foi uma realização de Opinião Produtora em parceria com a Bretanha Produções.
Por se tratar de uma noite com dois eventos distintos no Bar Opinião, as portas abriram por volta das 23h e já se podia notar um número considerável de fãs, logo nos primeiros minutos. A casa praticamente lotou antes de Carlinhos subir ao palco, por volta das 00:49.
“É Preciso Dar Vazão Aos Sentimentos” abre a noite de forma magistral. O público, que já estava um pouco impaciente com a demora para começar o show, esquece o atraso e canta junto com a banda. Para a próxima, “Microondas”, Carlinhos chama ao palco Katia Aguiar, tecladista e backing vocal da formação clássica da Bidê. O cantor fala sobre como a amiga virou inspiração para a música.
Para baixar um pouco a rotação, as próximas são as intimistas “Gerson” e “Adoro Quando Chove”. Mas logo voltar a subir com “Matelassê”. E o Bar Opinião lotado cantou todas as músicas até aqui do início ao fim. Isso demonstra a saudade que os fãs estavam da banda. O grupo se apresentou pela última vez no fim de 2016 e, embora não tivesse com todos os integrantes presentes, foi uma forma de matar a saudade.
A noite segue com “Buddy Holly” e “Tudo Bem”, diretos do primeiro álbum “Se Sexo é o Que Importa, Só o Rock é Sobre Amor!”, de 2000. E na sequência um dos grandes hits da banda, “Cores Bonitas”. Este que vos escreve, mesmo sendo gremista, adora essa música. “O Antipático” é a próxima, e é uma daquelas músicas clássicas da Bidê ou Balde. Não sei como explicar, mas é uma daquelas músicas que tem o carimbo da banda, tanto no instrumental quanto o sarcasmo da letra.
Seguindo no disco “Outubro ou Nada”, de 2022, vem “Soninho”, mais um grande hit, “Bromélias”, “Aeroporto” e “A-Há”. Essa última com a participação especial de Gabriel Thomaz. O guitarrista e vocalista do Autoramas ainda fica para mais uma, agora de sua própria autoria, “Copersucar”. É muito legal ver essa parceria de grandes bandas do Rock Nacional dos anos 2000, acontecendo ali, num palco tão emblemático para gerações de rockeiros gaúchos.
Gabriel se despede, ovacionado, e Carlinhos e sua trupe seguem com “Dulci”, mais uma faixa forte do repertório da Bidê. “Vamos passar a noite de galera”, presente no EP “Para Onde Voam Os Ventiladores De Teto No Inverno ?”, de 2001, é a próxima. Ela abre caminhos para “Spaceball” e para a música que fez tudo acontecer para a Bidê ou Balde. É óbvio que estou falando de “Melissa”. Um dos grandes clássicos do Rock Gaúcho dos anos 2000. A música que tocava todos os dias nas FMs gaúchas. Com direito e foto do própria homenageada, grudada no teclado. Nesse momento, assistindo do mezanino e vendo todos os presentes cantando juntos com a banda, eu só conseguia lembrar dos shows que assisti da Bidê, por volta dos 2002, 2003, no Gasômetro. A sensação foi a mesma da época, de felicidade e diversão. Vinte anos depois, o pré-adolescente do começo dos anos 2000 e o adulto de 2023 ainda curte a música do mesmo jeito. Fato que comprova que “Melissa” é muito mais que só um rock de verão. A canção simples continua cumprindo seu papel, de transmitir o sentimento de diversão ao público.
E isso, na minha opinião, é o maior trunfo da Bidê. Fazer músicas sobre temas cotidianos que poderiam ser feitas por você, para (ou sobre) alguém de sua turminha de colégio ou faculdade. Músicas sobre o “…umbigo furado, ou os olhinhos puxados”…”A Dulci não tá bem, eu acho”…”Hoje eu cortei minha mão pegando lenha, e cheguei
atrasado no aeroporto”… “Aquela calça pendurada no varal é do Rangel”…”Bife, arroz, batata frita, dois ovos fritos, essa é a legítima à la minuta”… São frases que simples, sobre conversas normais, que eles tiveram a grande sacada de musicar.
“Fazer Tudo a Pé” é a próxima e trouxe mais uma grata surpresa, Rodrigo Pilla, guitarrista da Bidê, sobe ao palco para alegria dos fãs. Carlinhos fala sobre a faixa e como se apaixonou por ela assim que Pilla a mostrou pela primeira vez. “Lucinha” é a próxima, mais uma baseada em fatos vividos pelos integrantes da Bidê e seus amigos.
Infelizmente a noite está chegando ao fim, mas ainda tem tempo para mais clássicos. “Me Deixa Desafinar” dá sequência ao show, mantendo o astral lá no alto. Então vem mais um hit daqueles, “Mesmo que Mude”, um dos carros-chefes do álbum “Acústico MTV Bandas Gaúchas”. Canção emocionante, cantada a plenos pulmões por todos os presentes.
Tudo estava em perfeito sincronia. As luzes apagam e todos ligam suas lanternas de celulares, alguns poucos ainda acendem seus isqueiros. Carlinhos desce do palco, caminha no meio da plateia, sobe sobre em cima do corrimão da mureta que separa a pista das mesas, canta dali mesmo, do meio do povo. Todos cantam juntos, curtem e sabem que o momento é especial.
“À La Minuta” chega com tudo e faz a plateia dançar de novo! Música com temática engraçada, clássica da Bidê, que sempre vai me lembrar da saudosa Rádio Ipanema. O público puxa “(Eu Te Amo) Lucinda”, Carlinhos e a banda entram no embalo e tocam a faixa praticamente na íntegra. O mesmo acontece com “Back to Quinze”.
A impressão que me passou é que nem Carlinhos, nem a banda, convidados e o público, queriam que a noite acabasse. Mas a próximo e última música “k-7” chega e coloca fim nesta noite de celebração.
Carlinhos Carneiro (voz), Pedro Petracco (guitarra), Maurício Chaise (guitarra), Guilherme Schwertner (bateria), Lucas Juswiak (baixo), Fu_k The Zeitgeist (teclados) e Sassá (percussão), acompanhados pelos convidados: Kátia Aguiar (teclados e backing vocal), Pedro Hahn (bateria), Gi Deneuve (backing vocal), Gabriel Thomas (guitarra e vocal), Rodrigo Pilla (guitarra e vocal) e Adriana Deffenti (backing vocal), nos proporcionaram uma noite memorável. Um grande celebração ao legado de uma das mais importantes bandas gaúchas do fim do século passado e início deste século.
Mas o cantor avisa, que a “Bidê não acabou! Ela vai voltar, em algum momento!” Basta conseguir reunir a galera dessa noite com a Vivi Peçaibes (vocal e teclado) e Leandro Sá (guitarra e vocal de apoio), que infelizmente não conseguiram marcar presença.
Neste momento o que importa é que os 25 anos da banda não passaram em branco, muito pelo contrário. Foram comemorados em grande estilo, por músicos o fãs que reviveram a glória da Bidê ou Balde, em uma noite intensa e de muita emoção.
Fotos:
Mary Up Fotos