Os Replicantes comemoraram 40 anos no palco de um Opinião lotado de fãs vindos de todo o Brasil, nesta quinta, 15 de agosto. O show que era para ter acontecido em 16 de maio, data da primeira apresentação da banda, a cidade de Porto Alegre estava inundada, inclusive o bar Opinião.
Após ser exibido um vídeo no telão mostrando depoimentos de fãs que foram na exposição “Os Replicantes 1984-2024”, atingida também pela catástrofe ambiental, trouxe falas de importantes nomes do rock nacional como Clemente Nascimento, dos Inocentes, e o músico e apresentador Luiz Thunderbird. O show iniciou às 22h20 com a clássica “Nicotina” cantada por Julia Barth e tocada pelos irmãos Claudio e Heron Heinz, além de Carlos Gerbase na bateria.
O guitarrista Claudio Heinz foi o diretor musical do espetáculo e montou uma cronologia de músicas conforme as formações da banda. Julia fez as honras da casa, pois sendo a atual vocalista há 18 anos, chamou Wander Wildner para o palco.
Lá estavam os irmãos Heinz – Claudio e Heron, Gerbase na bateria e Wander nos vocais. Estávamos em 1984 novamente. Tocaram “Sandina” e “Surfista Calhorda”, que foram cantadas em coro pela plateia. O público foi ao delírio. A força histórica dessa formação mexe com as recordações de muitos, hoje, senhores e senhoras, com mais de 50 anos e até para os muitos jovens da plateia que nunca tiveram a chance de ver os quatro juntos no palco.
Na sequência aparece a segunda formação que começa no final dos anos 1980 e segue até o início dos 1990. Estavam no palco Luciana Tomasi, Gerbase vai para os vocais, Cleber Andrade assume a bateria e Ricardo Cordeiro “King” Jim toca sax. Gerbase entra com a máscara de um ser extraterrestre, feitas naqueles anos 1980. “Boy Subterrâneo” abre esse bloco e é cantada inteira pelo público. É a parte mais pós-punk do show com “Minha Vizinha”, além de “Hippie Punk Hajnesh” e a atualíssima “Problemas”, quando Julia retorna aos vocais. Gerbase se sente em casa no palco; afinal ele, Heron e Claudio são os maiores compositores da banda. É o retorno do pai aos braços de seus filhos, no caso, suas músicas.
É chegada a hora da formação do início do século, estamos em 2004. Wander retorna com Cleber, Claudio e Heron. No set list o romântico hino punk brasileiro “Astronauta” e, a roda pogo esquenta na pista do Opinião com “Ele quer ser punk” e “Corrida Espacial”, que tem o clássico e também atualíssimo refrão “Pra onde vai o mundo vai todo mundo”, com Julia retornando aos vocais. Gerbase vai até a plateia para curtir e pogar junto ao público. Frenesi total, não há mais barreira entre o artista e seu público.
Chegamos em 2006, com a última formação. Julia agora é a vocalista oficial e canta “Tom & Jerry”, “Libertá”, “Maria Lacerda”, “Censor”, “Chernobyl” e termina com “Mentira”. Músicas com o verdadeiro espírito punk anti-opressão, todas muito atuais e necessárias. A performance é segura e no tempo correto, afinal esta formação completa 18 anos em 2024.
Os irmãos Claudio e Heron estão há 40 anos nos Replicantes e os dois permaneceram o tempo todo no palco, tocaram em todas as músicas, como na história da banda. O show chega ao fim com todos reunidos. Aí era o momento de fazer jus a anarquia punk. A roda pogo virou um liquidificador humano, uma celebração tribal com as clássicas “Festa Punk” e “Surfista Calhorda”.
O público sabia cantar todas as letras. Eram fãs de todas as idades e gêneros. Saíram todos extasiados, agradecidos e com vontade de quero mais. Assim foi o aniversário de 40 anos da banda gaúcha mais importante do punk rock nacional, Os Replicantes.
Fotos:
Chico Lisboa
Texto:
Paola Oliveira
Jornalista e Produtora