Na noite de quarta-feira (11/12), Porto Alegre recebeu pela primeira vez o show da banda Nervosa, um dos grupos brasileiros que mais cresce no cenário mundial da música pesada. O power trio feminino de Thrash Metal, está em tour divulgando seu mais recente trabalho, o álbum “Donwfall of Mankind”, lançado em 2018. A apresentação ocorreu no Bar Opinião, com produção da Rei Magro Produções.
Passava das 21h quando o público que enchia o local presenciou o início do espetáculo. As meninas começam a noite com “Horrordome” e mesmo com a pequena falha no equipamento de som da guitarrista Prika Amaral, mostram que não vieram para brincadeira. Em seguida já emedam “…And Justice From Whom?”. Fernanda Lira agradece a presença de todos antes da próxima música, “Intolerance Means War”.
A iluminação em tons de vermelho, roxo e verde, aliada a postura de palco da banda, contribuem muito para reforçar a agressividade das músicas, que seguem uma sequência frenética, com “Bleeding”, “Arrogance”, “Hostages”, “Enslave” e “Time Of Death”, transformando a pista do Bar Opinião em um grande mosh pit.
O público começa a gritar o nome da baterista Luana Dametto, que incentivada pela vocalista Fernanda, inicia um curto, mas veloz, solo de bateria. Realmente é impressionante ver Luana tocar, com sua velocidade extrema, utilizando pedal duplo e a famosa técnica bleast beats, mas com o semblante e elegância de quem está fazendo uma caminhada leve no parque. Com certeza, a gaúcha de Tapejara foi um achado para a banda, que contou com outras grandes bateristas, mas que achou em Luana o ingrediente certo. Essa combinação certeira já é possível ser notada no álbum “Donwfall Of Mankind”, que possui em muitos momentos, uma pegada mais Death Metal, influenciada pela forma de Luana tocar.
Chega a vez da única música cantada em português no concerto, “Guerra Santa”, que Fernanda apresenta falando dos perigos de aliar política e religião em um governo. O show segue com as poderosas “Kill the Silence”, “Raise Your Fist!” e “Vultures”.
Vale muito ressaltar o carisma de Fernanda Lira. A baixista e vocalista, além de desempenhar muito bem o seu papel como instrumentista e cantora, com sua voz rasgada que caí muito bem para o estilo de suas músicas, ainda é uma frontwoman como poucas. Suas caretas, olhares e modo de se portar, encarar o público e interagir com as outras integrantes, é sensacional. Podemos notar a influência de Cronos (Venom) em sua performance, mas a essa altura de sua carreira, Fernanda já possui identidade própria e merece muito crédito por desempenhar de forma magistral todos os papéis que se propõem em cima do palco. Também não podemos deixar de mencionar seu posicionamento e pensamento crítico, sem medo de retalhações por defender o que acredita. Um exemplo aconteceu quando Fernanda pegou uma bandeira com o rosto da vereadora Marielle Franco (assassinada em 2018) e colocou em suas caixas do amplificador do baixo, onde permaneceu até o fim do show.
A noite segue com o primeiro hit do grupo, a já clássica “Masked Betrayer”, que leva o público a loucura com sua pegada Thrash, refrão forte e direito a coreografia de Fernanda e Prika, empunhando seus instrumentos como armas. Nessa altura, chega até ser injustiça ainda não ter mencionado Prika Amaral. A guitarrista se vira em duas para dar conta de todas as bases e solos. É uma metralhadora de riffs, além de manter uma boa presença de palco, assumindo a posição central sempre que necessário. Seus backings vocals também não ficam para trás, com voz gutural que dá um contra ponto interessante ao vocal rasgado da Fernanda.
O trio toca mais uma do disco novo, “Fear, Violence And Massacre”, seguida pelo “Death”, single do álbum “Victim of Yourself” de 2014, e retornando para o disco mais recente com “Never Forget, Never Repeat”. Estasiados pelo espetáculo de Thrash e Death Metal que estão presenciando, o público lamenta quando Fernanda anuncia que o show está chegando ao fim. Após agradecer mais uma vez e pedir para o público se preparar, a vocalista anuncia “Into Moshpit”. A multidão concorda e faz sua parte.
A banda agradece o carinho que recebeu durante toda a noite, distribui palhetas e baquetas, faz a tradicional foto com a plateia e se despede. Os fãs ficam por mais uns minutos, pedem por mais uma música, mas infelizmente o show acaba por ali.
Quem pagou para ver um espetáculo de Metal, com certeza, não saiu decepcionado, pois foi um show com tudo que os fãs esperam de uma grande banda. A Nervosa não poderia ter feito uma estreia melhor em palcos porto-alegrenses e o público certamente já espera por uma próxima oportunidade de assistir a banda ao vivo mais uma vez.
Imagens:
Alex Vitola, Jailson “Véio” Dias e Mariane Prestes