A mais tradicional casa de shows de Porto Alegre, o Bar Opinião, recebeu neste último domingo (06/08) um encontro histórico do Punk Rock e Hardcore/ Crossover nacional. Os Replicantes e Ratos de Porão apresentaram shows baseados em seus álbuns mais recentes, mas sem esquecer os grandes clássicos que fazem parte de suas carreiras. É mais um evento realizado pela parceria de longa data das produtoras, Pisca e Opinião.
Por volta das 19h10, os Replicantes sobem ao palco, abrindo a noite com “Libertà”, faixa que dá nome ao disco mais recente do grupo, lançado em 2018. O público ainda estava se aquecendo quando começa a entrada de bateria de “Boy Do Subterrâneo”. Aí sim, a plateia vai à loucura e canta o refrão junto com a banda. A próxima é mais um clássico, “Sandina”, e já na terceira música a noite estava ganha.
O show segue com mais uma das antigas, “Hard-Core”, e precisamos destacar o vocal de Julia Barth, que já está à frente d’Os Replicantes a mais de quinze anos. Julia canta de forma visceral, anárquica, trazendo toda a raiva e o caos que os velhos hits pedem. (Nas canções mais recentes, não é preciso dizer nada, a vocalista se entrega de corpo e alma.) O desfile de clássicos segue e chega à vez de “Nicotina”, seguida por “Alguém Explica”, “Ele quer ser Punk” e “Só Mais Uma Chance” que fazem a pista em frente ao palco virar uma intensa roda punk.
Os irmãos Heinz, Cláudio (guitarra) e Heron (baixo), membros fundadores da banda, e Cleber Andrade, baterista do grupo há mais de três décadas, fazem a parte instrumental como deve ser feita em uma banda de punk rock, sem firulas, rápida e marcante. Como a primeira geração de bandas do estilo imortalizou.
“Hippie-Punk-Rajneesh” é mais um hino que não poderia faltar. Seguida pela irônica “Punk de Boutique” e talvez a música mais conhecida d’Os Replicantes, “Surfista Calhorda”, que já tirava onde com a playboyzada porto alegrense dos anos 1980.
A essa altura, já imaginávamos o fim da apresentação, mas ainda tinha mais, para delírio de todos. “Censor” e “Mentira” dão o tom para a poderosa “Maria Lacerda”, contagiante e raivosa. O público aplaude, extasiado.
A noite segue com “Chernobyl” e seu refrão tão atual sobre os “velhos fascistas”. Tão atual, infelizmente, quanto à próxima, “Feminicídio”, na qual Julia emocionou todos os presentes com o tom de revolta que passa em cada palavra cantada. O show está chegando ao fim com a trinca de ouro “Festa Punk”, “Go Ahead” e “A Verdadeira Corrida Espacial”.
Os Replicantes, que estão completando 40 anos de história, acabam de dar uma aula de Punk Rock! Com energia, raiva, protesto, contestação e ironia, enfim, todos os ingredientes que nos fizeram amar a banda e que seguem presentes em sua essência.
Se o show fosse somente com os Replicantes, já poderíamos voltar para casa super satisfeitos, mas ainda estava só na metade da noite. Ainda teremos Ratos de Porão pela frente, mas isso é assunto para o próximo post.
Fotos:
Mary’Up Fotos
Texto:
Mateus Rister
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