Neste último sábado (30), o eterno líder dos Engenheiros do Hawaii, Humberto Gessinger, fez o primeiro show da tournê que divulga seu mais recente álbum solo, “Quatro Cantos de Um Mundo Redondo”. A apresentação aconteceu no auditório Araújo Vianna, com produção da Opinião Produtora.
Passava um pouco das 21h15 quando Humberto dá o ponta pé inicial com a música a “Montanha”. O músico, além de cantar, também é responsável pelo baixo e teclados, é acompanhado pelo guitarrista Felipe Rotta e pelo baterista Rafael Bisogno. A próxima é “3ª do Plural”, seguida “Partiu”, que faz parte do álbum “Não Vejo a Hora”, de 2019.
O auditório Araújo Vianna estava lotado e curtia cada momento desse começo de noite, sabendo que assistiria a mais um grande show desse artista que tanto já nos entregou em quase 40 anos de carreira. Mas a casa vem abaixo mesmo logo nos primeiros segundos do clássico “A Revolta dos Dândis” e seu refrão “…eu me sinto um estrangeiro…oh oh oh, passageiro de algum trem“. Neste momento, quem ainda estava “frio”, entra no clima na hora!
“Ando Só” vem na sequência e abre espaço para a primeira do novo trabalho, “No Delta dos Rios”, onde Humberto troca o baixo pelo violão. Diga-se de passagem que é uma belíssima canção, daquelas que a gente sabe na hora que é criação do cantor e compositor. Com aquele jogo de palavras que só Humberto é capaz de juntar de forma que faça sentido. Em seguida vem “3×4”, com violão, gaita de boca e aquela vibe de luau em que todos cantam junto. Só não é mais emocionante porque a próxima é uma das músicas mais bonitas da língua portuguesa desse século, “Dom Quixote”. Nada faz mais sentido para quem ama as artes em geral, do que “…Tudo bem, seja o que for, seja por amor às causas perdidas, por amor às causas perdidas…“.
Mas nem dá tempo de recuperar o fôlego, a seguinte é o hino “Somos Quem Podemos Ser”, em que o cantor, se quisesse, poderia deixar a plateia cantar inteira, sem que se perca uma palavra. “De Fé”, lá do álbum “Humberto Gessinger Trio”, de 1996 (Posteriormente considerado parte da discografia dos Engenheiros, mas que podemos considerar o primeiro solo do cantor), mantém o tom calmo e intimista da apresentação.
Então Rotta e Bisogno se despedem momentaneamente, pois Humberto chama ao palco Fernando Petry (baixo), Diego Dias (teclados) e Luigi Vieira (bateria). Com essa nova formação, o agora quarteto toca a sarcástica e extremamente atual “Toxina” e a libertadora “Um Brinde”, duas faixas do novo álbum. Aqui vale destacar o virtuosismo de Petry. O baixista dá um show à parte com sua categoria e velocidade no instrumento.
Essa formação se despede e o cantor anuncia mais dois músicos para uma sessão acústica, Nando Peters (baixo upright) e Paulinho Goulart (acordeon). Humberto brinca que sempre que esse trio se reúne em estúdio, acabam gastando praticamente todo o tempo do ensaio com conversas e “esquecem” que estão ali para tocar. Mas logo percebemos que não falta entrosamento para os músicos, assim que começam “Terra de Gigantes”, um dos grandes clássicos dos Engenheiros. Ela é seguida pela nova “Fevereiro 13”, homenagem a filha do cantor, mas que ele oferece também como homenagem à todos os presentes. Clara aparece no telão, fazendo uma pequena narração no fim da canção. “Começa Tudo Outra Vez”, parceria de Humberto com a cantora Roberta Campos finaliza esse ato acústico, sob um chuva de palmas.
Felipe Rotta e Rafael Bisogno retornam ao palco para os clássicos “Refrão de Bolero”, “Piano Bar” e “Pra Ser Sincero”, essa última cantada pelo público em peso, nos seus últimos versos. Tão impactante quanto a execução das músicas pela banda, quanto a receptividade da plateia, é a iluminação e as imagens projetadas no telão. Um misto de imagens e logos da época dos Engenheiros, com animações e fotos da carreia solo do cantor. Realmente muito bonito e em total harmonia com cada canção do set list.
“O Preço”, a nova “Espanto” e os hinos “Eu Que Não Amo Você”, (em que Felipe Rotta manda muito bem no solo) e “Surfando Karmas & DNA” trazem o ritmo novamente lá para cima. Músicas densas e pesadas, que fazem o Araújo Vianna ferver mais um vez. A noite segue com “Armas Químicas e Poemas”, a eterna “Infinita Highway” que recebe “Até o Fim” no meio e volta para fechar o show levam todos à loucura.
A banda de despede e o público pede mais! Após alguns instantes o quarteto Humberto Gessinger (violão e voz), Fernando Petry (baixo), Diego Dias (teclados) e Luigi Vieira (bateria) retornam ao palco a música “Pose”. E na sequência todos os outros músicos, Felipe Rotta, Rafael Bisogno, Nando Peters e Paulinho Goulart se juntam para “Toda Forma de Poder”, em um final de noite apoteótico.
Foi um início de tour impecável! Quem esteve presente voltou para casa com alto nível de satisfação. E quem tiver a oportunidade de assistir os shows de “Quatro Cantos de Um Mundo Redondo”, com certeza, não se arrependerá. Pois é um show especial, sem cair no saudosismo, unindo novas canções excelentes com clássicos que marcaram a nossa história.
Fotos:
Mary Up Fotos