Nesta terça-feira (10), a lenda viva do Punk Rock, Marky Ramone e sua banda atual, Blitzkrieg, subiram ao palco do Bar Opinião para uma celebração à carreira dos Ramones. O evento, que foi uma realização da Opinião Produtora com Zero Five e MP Tour Management, trouxe o músico de volta a Porto Alegre após sete anos de sua última passagem por terras gaúchas. A noite ainda contou com a banda Punkzilla como atração de abertura.
Marky e seus companheiros, Pela (vocal – Victimas Club / La Excavadora), Martin Sauan (baixo – Hey Bandido) e Marcelo Gallo (guitarra) iniciaram seus trabalhos às 22:15, com “Rock ‘n’ Roll High School” seguida por ‘Havana Affair’, “Lobotomy”, ‘Commando’, ‘Beat on the Breat’, e “Shenna is a Punk Rocker” quase emendando uma na outra. Literalmente separadas apenas pelos “1,2,3,4”, falados na velocidade da luz pelo baixista Martin.
O público enlouquecia a cada começo de riff, já conhecidos de cor pelos apaixonados que cantavam, pulavam e formavam rodas punks (discretas) no meio da pista do Opinião. O bar estava lotado de fãs dos Ramones, incluindo algumas crianças, acompanhadas de seus pais. Um guri em especial, com cerca de dez anos e que estava ao meu lado, chamou minha atenção. Completamente envolvido com o show, pulava e tocava air drum em cada música. Trazendo esperança na renovação do público punk rocker. Mas em sua maioria, os presentes deviam ser adolescentes quando Marky veio à Porto Alegre gravar aquele clássico DVD com a banda Tequila Baby, em 2006. O que demonstra que o Rock, pelo menos aqui no sul, perdeu uma geração que fica entre a galera que está na faixa dos 35 anos e os da faixa de dez anos.
Mas falando em Tequila Baby, o vocalista Duda Calvin e o guitarrista James Andrew estavam presentes no local. O que chegou a me criar expectativa que a Tequila Baby fosse se reunir com Marky para um pequeno set, marcando o retorno da banda que foi tão importante para muitos gaúchos. Pois muitos conheceram os Ramones graças a Tequila Baby. Infelizmente isso não aconteceu. Mas quem sabe ano que vem né…quando a Tequila completa 30 anos.
Voltando ao show, é muito legal ver Marky, no auge dos seus 71 anos de vida, com mais de 50 deles dedicados a bateria, tocando ao vivo com tanta vivacidade. Era perceptível que o músico estava feliz por estar ali, no palco, tocando aquelas músicas. Não foram poucas a vezes que em vimos o baterista sorrindo enquanto executava seus clássicos. Seu estilo de tocar é muito peculiar, como ele já disse em entrevistas, “o estilo Ramones de tocar”, não é fácil, especialmente na idade em que está. Mas Marky ainda ataca o prato de condução com um foco e com uma fome invejável.
O vocalista Pela é muito carismático, com ótimo presença de palco e emula muito bem a voz do saudoso Joey Ramone. Martin é um clássico baixista de Punk Rock, sem muitos floreios, fazendo muito bem o “feijão com arroz”. Já Gallo parece ter saído de uma banda Glam britânica dos anos 1970, despejando todos os riffs com muito estilo.
A noite segue com “Now I Wanna Sniff Some Glue”, “We’re a Happy Family”, “You Sound Like You’re Sick”, “Rockaway Beach”, “Gimme Gimme Shock Treatment”, “Let’s Dance”, “Surfin’ Bird”, “Judy Is A Punk”, “I Wanna Be Your Boyfriend”, “She’s a Sensation”, e os três hinos “The KKK Took My Baby Away”, “Pet Sematary” e “I Wanna Be Sedated”.
Ufa! Tantas músicas, tantos clássicos, tantas lembranças da adolescência em mais ou menos 40 minutos de show! Praticamente estávamos na metade da noite e já teria valido a pena.
Num show de Punk Rock não existe tempo para descanso, e Marky Ramone’s Blitzkrieg segue com “Oh Oh I Love Her So”, “California Sun”, “I Don’t Wanna Walk Around With You”, “Pinhead”, “Cretin Hop”, “Tomorrow She Goes Away”, “Sitting in My Room”, “Chain Saw”, “She’s The One”, “Listen to My Heart”, “Anxiety” e “R.A.M.O.N.E.S”, homenagem feita pelo Motorhead, posteriormente incorporada no repertório dos homenageados.
Marky e seus asseclas se despedem e deixam o palco sob uma chuva de aplausos. Mas é óbvio que ninguém na plateia saiu de seu lugar, e em estantes começam os gritos “ole, ole, ole, ole….Marky, Marky”, seguido pelo “Hey Ho! Let’s Go! Hey Ho! Let’s Go!”.
A banda volta para o bis com “Do You Wanna Dance?”, “You’re Gonna Kill That Girl”, “Glad to See You Go”, a versão Ramones de “Have You Ever Seen the Rain” e “Touring”. Em homenagem ao Joey Ramone, o grupo executa a versão para do lendário vocalista para “What a Wonderful World” e finaliza a noite com … claro, “Blitzkrieg Bop”.
Agora sim, Marky e sua banda se despedem de vez do público do Bar Opinião. E os fãs sabem que presenciaram um show histórico! Vimos in loco, um membro da formação clássica dos Ramones, tocando suas músicas com muita vontade e muito bem acompanhando. Mantendo vivo o legado de uma das maiores bandas que já passaram por esse planeta.
Fotos:
MaryUp Fotos