No último domingo (12), Humberto Gessinger fez o segundo dos dois shows de abertura da turnê que comemora os vinte anos do álbum “Acústico Mtv Engenheiros do Hawaii”. Além de músicas desse trabalho, os shows também contaram com faixas do “Acústico Novos Horizontes”, lançado em 2007, pela extinta banda liderada por Gessinger.
Passava das 20h quando Humberto Gessinger, acompanhado por Felipe Rotta (violões), Rafael Bisogno (bateria), Paulinho Goulart (gaita) e Fernando Peters (baixo), sobem ao palco sob uma chuva de aplausos do público que lotava o Auditório Araújo Vianna. Assim como no disco lançado em parceria com a MTV, “O Papa é Pop” é a escolhida para iniciar o show, seguida por “Até o Fim”. Não é preciso dizer que os fãs ficam extasiados com essa abertura.
Cabe ressaltar que o show e o design de palco são mais parecidos com o “Acústico Novos Horizontes”. Com exceção do baterista e do gaiteiro, os demais músicos tocam de pé, diferente do formato da MTV, onde todos tocavam sentados. Falando no “Novos Horizontes”, a próxima é “No Meio de Tudo, Você”, sexta faixa desse álbum.
É só o começo desse show arrebatador, que segue com a lindíssima “Dom Quixote”. A música ganha em seu final um pequeno trecho de “Alívio Imediato”, um momento emocionante. Então Humberto e banda começam a próxima, “Pose” com trecho de nova “Fevereiro 13”, com o telão trazendo imagens do “Acústico MTV”, incluindo fotos com sua filha Clara, que dividiu os vocais com o cantor em 2004. Se não me falha a visão, a moça acompanhava tudo do local onde fica a mesa de som do auditório.
Antes de seguir, Humberto agradece a presença de todos e fala sobre os dois discos acústicos de sua antiga banda. “Quebra Cabeça”, “Toda Forma de Poder” e “Guantánamo” vem em sequência, abrindo espaço para o clássico “A Montanha”, com Gessinger trocando o violão pelo bandolim, que dá um charme a mais para as canções. O instrumento também faz a introdução da próxima, e uma das minhas preferidas dos Engenheiros, “3ª do Plural”. Com o arranjo muito mais soft em relação ao original, já conhecido do especial de 20 anos atrás, fato que não diminui em nada a sua força. Ainda mais com a letra passando no telão e os fãs que lotavam o Araújo Vianna cantando juntos.
Agora com o cantor assumindo também o teclado, duas gratas surpresas. A primeira com a execução de “De Fé”, presente somente na versão deluxe do “Acústico MTV”, e “Simples de Coração”, música que dá nome ao disco que marca o fim da parceria Gessinger e Maltz e, de certa forma, marca o fim da era clássica dos Engenheiros do Hawaii. Entre elas, Humberto explica que também estava comemorando os 40 anos do primeiro show que fez na vida. Ele conta que lê muitas biografias de seus músicos favoritos e que a maioria não sabe dizer quando subiu ao palco pela primeira vez. Enquanto o cantor pode falar com certeza que a noite de 11 de janeiro de 1985 foi sua estreia, já com os Engenheiros do Hawaii.
Então chega a vez de mais dois clássicos absolutos, as belíssimas “Piano Bar” e “Somos Quem Podemos Ser”. Neste momento a emoção toma conta do Araújo Vianna, com o público cantando junto, sem perder um verso. A noite segue com “Novos Horizontes”, “Outras Frequências”, “O Preço”, até chegar ao mega hit noventista “Eu Que Não Amo Você”.
Já mais perto do fim do show, chega a vez de “Vertical”,”3×4″, “Vida Real”, a poderosa “Armas Químicas e Poemas” e o hino “Era Um Garoto Que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones”. Sob um chuva de aplausos, Humberto agradece, a banda se despede e deixa o palco.
É óbvio que ninguém da plateia deixa o seu lugar e logo os gritos pedindo mais começam a ganhar mais corpo no local. Se fosse perguntar para cada um dos fãs no público que músicas queriam para o bis, ainda teria que ter pelo menos mais uma hora de show. Mas Gessinger e Paulinho Goulart voltam ao palco com as faixas já definidas. E, claro, as escolhidas não decepcionam nenhum dos presentes. São elas “Refrão de Bolero” e “Pra Ser Sincero”, em belíssimas versões de piano, gaita e voz.
Para encerrar a noite de vez, Felipe Rotta, Rafael Bisogno e Fernando Peters se juntam ao Paulinho e Humberto para os dois hinos “Infinita Highway” e “A Revolta dos Dândis”. Essas duas, misturadas entre si, colocam o Araújo Vianna abaixo.
Trata-se de um show maravilhoso e, embora eu tenha criado expectativas que seria no formato do “Acústico MTV”, estilo banquinho e violão, Humberto nos entregou algo mais próximo do “Novos Horizontes”. Nada que diminua o brilho e a força dessas músicas. De certa forma, Gessinger conseguiu unir dois álbuns clássicos, e ainda um pouquinho do disco “Filmes de Guerra, Canções de Amor”, em um único espetáculo.
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Mary Up Fotos