Na noite de sexta-feira (11) o Capital Inicial fez a primeira de duas apresentações em Porto Alegre de sua nova tour que comemora os 25 anos do álbum “Acústico MTV”. Com a casa lotada, a banda de Brasília executou o clássico álbum na íntegra, além de mais alguns sucessos da sua carreira. O evento foi uma realização da Rrany Produtora e Bônus Track.
Passava um pouco das 21h30 quando o quarteto Dinho Ouro Preto, Fê Lemos, Flávio Lemos e Yves Passarell, sobem ao palco acompanhados por Kiko Zambianchi (violão e voz), Denny Conceição (percussão), Fabiano Carelli (violão) e Nei Medeiros (teclado), para delírio dos fãs que lotavam o auditório Araújo Vianna.
Assim como no show original de 2000, o grupo começa com “O Passageiro (The Passenger)”, seguida pela agitada “O Mundo” e “Todas as Noites”. Apenas a primeira canção, por ser mais calma, consegue deixar Dinho quase que a música inteira sentado em seu banco. Já na segunda faixa, as luzes mudam e o cantor começa a mexer com o público, que corresponde a altura.
Originalmente lançado em março de 2000, o álbum “Acústico MTV” do Capital Inicial foi um enorme sucesso, com mais de um milhão de cópias vendidas, trazendo a banda de fato para o primeiro escalão do Rock Nacional do novo milênio. Embora o Capital tenha voltado a contar com Dinho Ouro Preto no álbum “Atrás do Olhos”, de 1998, foi o projeto acústico que apresentou o grupo para uma nova geração de fãs, que só cresceu a partir daí.
Com um cenário que lembrou bastante a vibe do show original, com acréscimos do telão com imagens e um lindo jogo de luzes, a banda dá sequência a noite com “Tudo que vai” (uma das inéditas do álbum de 2000), o clássico “Independência” e “Leve Desespero”. Essa última, um dos primeiros singles da história da banda, fez o Dinho contar aos presentes como a banda sofria para compor uma canção original em seus primeiros dias. E que “Leve Desespero”, foi como um longo parto para o Capital Inicial.
Na sequência vem “Eu Vou Estar” (que no disco contou com a participação de Zélia Ducan), e as belíssimas “Cai a Noite” e “Fogo”. Mesmo, sendo um formato acústico, os fãs assistiam em pé e cantavam juntos palavra por palavra, em uma sintonia fina com a banda e, em especial, com Dinho, que não parava um segundo, se movimentando em todas as direções, mexendo com o público e com os integrantes da banda.
Até então, o show seguia com quase perfeição o set list do disco original, apenas pulando “Primeiros Erros”. É quando o cantor avisa que a próxima é uma canção lançada posteriormente ao acústico, chamada “Olhos Vermelhos”. É claro que todos já conheciam a música e ela não passa em branco pelos fãs presentes.
Agora sim chega a vez do hino de Kiko Zambianchi, “Primeiros Erros”. Um dos maiores clássicos do Rock Nacional, grande hit das carreiras de Kiko e do Capital. Com certeza, não tinha ninguém no Araújo Vianna neste noite que não cantou junto com a banda. Todos entoam os versos, sabem a melodia e não perdem o ritmo. Dinho e Kiko dividem os vocais principais, com o cantor do Capital puxando uma enorme salva de palmas para Kiko, que emocionado, agradece o carinho.
Logo após, Dinho pede o mesmo tratamento para o baixista Flávio Lemos, co-autor (ao lado de Renato Russo) para próxima canção, a apocalíptica “Fátima”. Sem perder o embalo vem mais dois clássicos da carreira da banda, também herdadas do extinto “Aborto Elétrico”, o petardo “Veraneio Vascaína” e a empolgante “Música Urbana”. Estava ali, diante de nossos olhos o show quase completo do “Acústico MTV” do Capital Inicial, e nós sabemos que assistir esse show 25 anos depois é algo inesquecível.
Mas a noite não acabou, o concerto segue com “Mais”, o mega hit “Como Devia Estar”, e as lindíssimas “Depois da Meia Noite” e “Não Olhe pra Trás”, todas gravadas em Nova York no “Acústico NYC”, lançado pela banda em 2015. Então chega a vez da única música que faltava do set list do disco original de 2000, uma das duas inéditas à época, e que se tornou um dos carros chefes do Capital Inicial. Estou falando da contagiante “Natasha”, que mesmo em formato “banco e violão”, não deixa ninguém ficar parado. Com lotação máxima, Dinho Ouro Preto atua como maestro, coordenando oito mil mãos para cima, agitando e com palmas marcando o ritmo da canção.
Após agradecer o carinho de todos, o cantor avisa que a banda fará uma breve pausa, mas já volta para o bis. Assim que retornam, Dinho informa que neste dia do show (11/04), seria o aniversário de um grande amigo e colaborador da banda, o músico Pit Passarel. Falecido em setembro de 2024, Pit foi baixista e membro fundador, ao lado de seu irmão, o guitarrista Yves, da banda de Heavy Metal, Viper. Além de ser irmão de Yves, que é membro do Capital desde 2001, Pit é compositor de várias músicas que foram gravadas pelo Capital Inicial, como “O Mundo”, “Instinto Selvagem” e “Depois da Meia Noite”. Dinho avisa que a próxima é uma das que ele considera mais belas já compostas por Pit para a banda, então começam “Algum Dia”. E a emoção toma conta do palco, principalmente de Yves, que agradece o carinho do público assim que a música acaba. E o show chega ao fim com as arrasa quarteirões “Quatro Vezes Você” e “A Sua Maneira”.
Nós, presentes no Araújo Vianna, nesta noite mágica, presenciamos um espetáculo grandioso. Um show comemorando 25 anos anos de um disco acústico que é tão forte hoje, como quando foi lançado. Em especial para mim. Pois o “Acústico MTV” do Capital Inicial foi o primeiro disco que eu comprei com meu próprio dinheiro, um presente que me dei de aniversário de 11 anos, que tenho em minha coleção até hoje.
Dinho, Flávio, Fê e Yves, ao lado de Kiko e seus parceiros de apoio, seguem nos mostrando a força do Rock Nacional. Seja em formato acústico ou elétrico, essas canções venceram a barreira do tempo e o Capital Inicial segue como uma das grandes forças ativas do estilo de música que amamos.
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