A maior banda de Crossover da história do Brasil, o Ratos de Porão, apresentou no último sábado (31/08), em Porto Alegre, um show repleto de clássicos que abrangem seus quarenta anos de carreira. O evento aconteceu no Bar Opinião, com abertura da banda Código Penal e realização da Ablaze Productions.
Praticamente um ano se passou desde a última vez que o Ratos subiu ao palco do Opinião. Naquela ocasião, dividiu a noite com Os Replicantes em um noite histórica. Desta vez não foi diferente! Com um set recheado com músicas de todas as fases, a banda esbanjou energia e vitalidade.
A abertura da noite ficou a cargo da banda gaúcha Código Penal. Com mais de duas décadas, o excelente grupo mistura elementos do hardcore com hip hop e apresentou um show muito bom, que animou os presentes.
A atração principal subiu ao palco às 21h15, com a já clássica “Alerta Antifascista”, seguida por “Aglomeração”. Faixas do mais recente álbum de estúdio, “Necropolítica”, lançado em 2022. Essas duas músicas sintetizam muito bem o que aconteceu no Brasil nos últimos anos, pré e pós-pandemia.
As próximas são nada menos que “Amazônia Nunca Mais” e “Farsa Nacionalista”, hinos do lendário disco “Brasil”, lançada em 1989 e mais atual do que nunca. O público enlouquecido transforma a pista do Bar Opinião em uma gigante roda punk.
A noite segue com “Morte ao Rei”, de outro disco lendário, “Anarkophobia”, com direito ao Gordo mandando um “Pau no cu do Elon Musk e Bolsonaro na Cadeia”, para delírio dos fãs. Juninho puxa a introdução de “Ignorância” no baixo e mais uma vez a roda punk cresce com o fluxo de energia que vem de cima do palco e toma conta de todo o lugar.
Nem dá tempo da poeira baixar, pois a próxima é a paulada “Lei do Silêncio”, seguida por “Satanic Bullshit”, “Bad Trip”, “Morrer” e “Mad Society”. Um verdadeiro passeio pela história da banda, desde a fase inicial punk, até o hardcore, metal e incluindo músicas da época em que o grupo se aventurava a cantar em inglês.
Um ponto positivo em relação ao show do ano passado, é que visivelmente João Gordo está mais animado no palco. O cantor que vem sofrendo com problemas nos joelhos e coluna, parece estar mais saudável e um pouco mais em forma também. Quanto ao seu carisma, só aumenta com o passar dos anos, Gordo domina o palco como ninguém. Se bem que no quesito performance, nenhum integrante fica para trás!
Jão é um guitarrista estilo velha escola. Cabeleira esvoaçante, guitarra em punho, riffs certeiros e solos, se não os mais técnicos, os mais cortantes! Enquanto Juninho não fica um segundo parado com seu baixo, além de segurar a onda da cozinha, ao lado do Boka, é um dos mais agitados do local. Pula, grita e anda de um lado para o outro. É como se um fã estivesse em cima do palco. E Boka é o responsável por manter tudo nos trilhos. As batidas secas e rolos na velocidade da luz elevam o Ratos para um nível extremamente brutal.
Voltando ao show, “Crianças sem Futuro”, o hino “Crucificados pelo Sistema”, “Descanse em Paz”, que Gordo dedica ao ex-baixista e falecido recentemente, Jabá e “Cada Dia Mais Sujo e Agressivo” levam todos de volta à crueza anos 1980.
“Guerrear”, “Políticos em Nome do Povo”, “Caos” e “Realidades da Guerra” mantém o nível de brutalidade no talo, com velocidade absurda! A plateia vai a loucura e a banda aproveita esse pequeno tempo para respirar e beber. Enquanto Gordo explica que a banda veio de van de Santa Catarina, devido ao aeroporto de Porto Alegre seguir fechado após a enchente de maio. Uma viagem longa para uma banda com quatro décadas e que fez um show em Florianópolis na noite anterior.
Nem o cansaço da viagem impede que os veteranos sigam com o espetáculo. A próxima é mais um hino, “Igreja Universal”, seguida por “Sofrer” e “Herança”. Nesta altura da noite, os fãs já haviam invadido o palco para se atirarem de volta à pista incontáveis vezes.
Já pertinho do fim do show, Boka e Jão e Gordo puxam uma introdução dançante para mais um hino “Aids, Pop, Repressão”, antes da banda cair na brutalidade conhecida.
“Beber Até Morrer” faz o Bar Opinião explodir mais uma vez! A energia gerada no local poderia abastecer uma cidade pequena, tamanho é a ferocidade que a banda e público entoam juntos esse clássico.
Do álbum “Carniceria Tropical” de 1997 vem “Crocodila” e para fechar a noite “Crise Geral”. Gordo agradece aos presentes e banda se despede. Parece que passou tão rápido para o público que grita “Ratos, Ratos, Ratos” e ainda não deixa seu lugar, na esperança que o grupo volte. Mas foram 26 músicas quase que sem tempo para respirar.
Mais um vez o Ratos de Porão mostrou porque é o maior nome do Crossover do Brasil. Em um pouco mais de uma hora, passeou pelo Punk Rock, Harcore, Thrash Metal, com direito a tudo que esses estilos tem de melhor. É sempre um prazer ter a chance de ver essa lenda destruindo tudo ao vivo.
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Mary Up Fotos